samedi 18 août 2007

Uma outra Nova histórica?

por Arkan SIMAAN

Resumo: Este artigo discute as razões da ausência quase total de novas nos registros do mundo ocidental antes do século XVI. Ele trata também de um estranho fenômeno ocorrido, em 1415, que poderia ser uma nova, até hoje ignorada pelos astrônomos.

As novas e a imutabilidade do céu

O que é uma nova? Em 1573, este nome designava uma “nova estrela”. Ele vem da abreviação do título de um livro de Tycho Brahe, “De Nova Stella”.
Como todos os cientistas da sua época, Tycho não sabia que o objeto descrito na obra não era um novo astro, mas simplesmente uma estrela até então invisível a olho nu, e cuja luminosidade havia repentinamente aumentado. No século XX, Walter Baade e Fritz Zwicky criarão o termo supernova para falar do mesmo fenômeno caso ele seja particularmente violento. Uma supernova pode libertar em algumas horas o equivalente energético emitido pelo Sol em 10 bilhões de anos!
Sem entrar nas explicações científicas, vou me limitar aqui ao aspecto histórico.
Quando Tycho Brahe descobriu, em novembro de 1572, a existência de uma “nova estrela”, os eruditos europeus acreditavam ferrenhamente na imutabilidade do céu, fato que aceitavam sem discussão. Essa idéia herdada de Pitágoras – adotada depois por Platão e Aristóteles – tinha quase adquirido o estatuto de dogma quando a Igreja Católica, instigada por Tomas de Aquino, dela se apodera.
Ora, as únicas mudanças que Aristóteles admitia no céu eram as atmosféricas – chuvas, nuvens, estrelas cadentes etc. Em outras palavras, eram as que ocorriam no ar, quer dizer, no que ele chamava mundo sublunar. Acima, ele negava que as fases da Lua e o movimento desordenado dos planetas fossem “mudanças” porque eram periódicos e, conseqüentemente, previsíveis.
Tycho precisava ter muita coragem para assinalar uma “nova estrela”. Sem mapas fiáveis e completos do céu, quem poderia garantir-lhe que ela era realmente nova? Quantos astrônomos não teriam preferido atribuir a imagem a uma ilusão de ótica para não correr o risco de ser ridículo? Tycho esperou então o desaparecimento da estrela, em março de 1573, para ter certeza que realmente havia se passado algo estranho, algo que contradizia formalmente o dogma da imutabilidade do céu.

As “novas históricas”

De qualquer modo, existem evidências de aparecimentos anteriores de novas. Plínio afirma que Hiparco, no século II antes da nossa era, havia tido a idéia de confeccionar um catálogo do céu quando avistou uma “nova estrela” na Constelação do Escorpião. Parece que não há textos anteriores a este, babilônio ou grego, mencionando este tipo de astro. Na verdade, é difícil reconhecê-los sem bons mapas do céu: tal era o caso na Babilônia e na Grécia. Aliás, no mundo pré-telescópio, foi preciso esperar a vinda de Tycho para ter-se um compêndio correto do céu: o Astronomiae instauratae progymnasmata (1602) contém efetivamente um catálogo preciso das 777 principais estrelas.
No entanto, no Oriente, há indícios de novas muito anteriores à de Hiparco. Assim, certos cascos de tartarugas descobertos perto de Pequim, em 1899, mostram ideogramas figurando uma nova na Constelação do Escorpião, no século XIV antes da nossa era. Além disso, algumas crônicas chinesas posteriores ao nascimento do Cristo indicam que em 183 uma estrela brilhou mais do que Sirius: o fulgor dela era apenas inferior aos do Sol e da Lua. Localizada no Centauro, ela era então perfeitamente visível em Alexandria, centro, naquela época, das observações gregas. É, pois, incompreensível que não tenha sido citada. Continuemos a lista das novas assinaladas no Oriente. Primeiramente, em 185, no Centauro. Depois, em 393, no Escorpião, em seguida, em 827, uma outra no Escorpião e, enfim, uma, em 1006, no Lobo. As únicas rivais desta última eram o Sol e a Lua: durante várias semanas seu esplendor teria ultrapassado o de Vênus em mais de duzentas vezes. Em 1054, uma “nova estrela” irradiou no Touro, perfeitamente visível na Europa. Em 1181, foi na Cassiopéia que uma outra se manifestou durante seis meses, potencialmente visível na totalidade do hemisfério norte. Infelizmente, brilhava pouco: sem os chineses e os japoneses ela nos teria sido completamente desconhecida.
A primeira “estrela nova” estudada por um sábio europeu foi a de 1572, batizada “Nova de Tycho Brahe”. Brilhou 16 meses na Cassiopéia . Em seguida, David Fabricius achou uma “estrela desconhecida” de brilho médio na Constelação da Baleia. Por fim, veio a de 1604 no Serpentário (ou Ophiucus), denominada “Nova de Kepler”.
O advento da luneta, em 1610, encerra o período das observações a olho nu, e, também, o das “novas históricas” – como foram chamadas .

As novas e a mentalidade ocidental até o Renascimento

Como é possível que haja tão poucas novas? Será um fenômeno tão raro? Não. De acordo com certas estimativas, apenas na nossa galáxia deveriam ocorrer no mínimo três por ano. Ora, não se constata isso, principalmente a olho nu, o que é o caso das observações no período que nos interessa. Além de poder ser ocultado pelo fulgor de uma estrela mais brilhante, ou por nebulosas de poeira no espaço sideral, o fenômeno deve ter uma luminosidade suficiente para ser percebido. Considerando-se o mau tempo, o evento deve além disso durar o suficiente para permitir a multiplicação das observações. Acrescentemos, enfim, que nem todas as novas são potencialmente aparentes na Europa, pois certas constelações se manifestam apenas no hemisfério sul.
Apesar de todas estas limitações, seria concebível pensar que, durante tantos séculos, não houve nenhuma conjunção favorável para os europeus? Impossível, especialmente no que tange a nova de 1006 cuja luminosidade foi excepcional. Aliás, apesar de sua localização meridional, não escapou à vigilância dos astrônomos chineses, japoneses e árabes. Também é surpreendente que, tão próxima do ano Mil, ela não tenha criado pânico.
Como então justificar esta cegueira dos europeus? Uma só explicação: eles se negavam a ver. A nova de 1006 manifestou-se durante três anos e era perfeitamente visível na Itália, na Espanha e na Provença. A bem da verdade, deve-se dizer que dois monastérios notaram em suas crônicas uma “estrela brilhante”. Nada mais.

Uma nova desconhecida?

Eu me pergunto se não se deveria incluir um acontecimento do século XV na lista das novas históricas. Quando estava pesquisando para escrever um romance sobre o Infante Dom Henrique, o Navegador, encontrei um estranho parágrafo numa crônica portuguesa da época (*“L’Écuyer d’Henri le Navigateur”, Harmattan, 2007). Para bem interpretá-lo, deve-se compreender seu contexto histórico. Em 1415, Dom João I, rei de Portugal e Mestre de Avis, investiu a cidadela muçulmana de Ceuta a fim de consagrar uma mesquita em igreja, com o intuito de elevar ao grau de cavaleiro três de seus infantes, entre os quais o célebre Dom Henrique, dito o Navegador, iniciador das grandes expedições marítimas no “mar tenebroso”. Eis o parágrafo:

“(Quando os mouros) tiveram seu Ramadã (… E quando) a Lua estava aos três quartos na obscuridade, apareceu uma estrela maior e de mais esplendor do que qualquer uma das outras mil e vinte duas estrelas às quais os astrólogos dão importância. Ela ficou assim durante toda circulação da lua, e a sua vista trouxe muita inquietude.” (Gomes Eanes de Zurara, Chronica del Rey D. Ioam I de boa memória)

Não será uma nova?

1 commentaire:

Wilson a dit…

Não só nessa galaxia mas a nível universal "tendo como base a freqüência" faltam o registro fotográfico de milhares super novas.
O monitoramento das galáxias externas, são fotografias renovadas quase que mensalmente com isso espera-se que devido ao grande numero de galáxias exista uma grande probabilidade de registrar uma nova.
Fato que não esta ocorrendo.