O enredo do meu romance publicado em francês (Harmattan, 2007), “L’écuyer d’Henri le Navigateur”, se passa na corte do Infante Dom Henrique, o Navegador. O personagem central, o escudeiro Raul Pimentel, é fictício. Mas o livro não parece ser ficção porque está baseado em crônicas medievais, dentre as quais destacam-se as de Gomes Eanes de Zurara, de Mateus Pisano, de Luís Cadamosto, Rui de Pina, etc. De qualquer modo, foram tomadas algumas liberdades com os fatos históricos, como é natural em romances.
Assim, Raul Pimentel entra ao serviço do Infante em 1415, pouco antes da tomada de Ceuta. Através dele, o leitor pode ver como o rei de Portugal, Dom João I, preparou secretamente esta expedição, como foi ocupada a cidade até a sangrenta batalha para a retomada da cidadela em 1418-1419, onde os mouros foram definitivamente derrotados pelas tropas comandadas pelos infantes Dom Henrique e Dom João.
De retorno a Portugal, Dom Henrique começa sua aventura marítima: as descobertas de Porto Santo e da Madeira coroaram-lhe o esforço. Ele convida então para Sagres o célebre cartógrafo judeu majorquino, Jafuda Cresques, que havia sido batizado à força, em 1391, como Jaume Ribes.
Por intermediário das peripécias de Raul Pimentel, o leitor percebe as duas razões principais que levaram o infante a enviar marinheiros pelo “mar tenebroso”: tomar contacto com o imperador do Mali em Tumbuctu e buscar o Preste João. Segue-se a colonização da Madeira por João Gonçalves Zarco (do qual é feita uma biografia, que talvez seja a primeira de um personagem tão ilustre da história portuguesa), a exploração da costa africana, a passagem do cabo Bojador por Gil Eanes, etc. No final, o livro relata um evento excepcional: o encontro de duas civilizações que até então se ignoravam completamente: primeiramente, os cristãos portugueses e os muçulmanos Azenegues e, em segundo lugar, os mesmos cristãos e os Wolofs em processo de islamização. Nesse contexto começaram as razias de escravos, particularmente em Arguim. As últimas páginas do romance descrevem a terrível cena do mercado de escravos em Lagos. Este trecho é diretamente inspirado da crônica de Gomes Eanes de Zurara.
samedi 4 août 2007
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9 commentaires:
Sou Brasileiro, nasci no ano que Arkan Simaan veio ao Brasil.
Encontrei este blog quando pesquisava sobre L’Écuyer d’Henri le Navigateur.
Não conhecia o autor, mas quando li sobre ele me apaixonei e me condenei. Pois tenho pesquisado sobre navegação do final do século XV e início do século XVI a algum tempo.
Li mais sobre o autor essa manhã na Wikipédia, e encontrei este blog.
O motivo da minha pesquisa é que estou desenvolvendo uma banda desenhada sobre a viagem de Cabral até as Índias. Pretendo que tenha 96 páginas. Já desenhei 20. Enviei a algumas editora ainda inacabado por email ontem.
O blog de mais detalhes do meu projeto estão no www.arteiroverde.blogspot.com .
Além dos livros, tenho pesquisado em fóruns, blogs como este, registros, revistas, vídeos diversos.
Não li nenhum de teus livros, pois, me envergonho a dizer,não conhecia Arkan Simaan até essa manhã.
Gostaria de conhecer mais sobre a Família Zarco, da qual, se a genealogia estiver certa, descendo.
Zarco
Cara senhora
Obrigado pelo seu correio. Infelizmente, não sou a pessoa indicada para saber se a senhora é descendente de João Gonçalves Zarco. Essa informação requer uma pesquisa genealógica no Arquivo Regional da Madeira (Caminho dos Álamos n.º 35, Santo António | 9060 - 064 Funchal Tel: 291 708 400/409 | Fax: 291 708 402 | arm@arquivo-madeira.org) e na Torre do Tombo, Direcção-Geral de Arquivos, Alameda da Universidade, 1649-010 Lisboa Tel.: +351 217 811 500 Fax: +351 217 937 230 (http://dgarq.gov.pt/)
Trata-se, evidentemente, de uma pesquisa complicada. Com efeito, Zarco viveu no século XV: vai ser quase impossível obter certificados de batismo daquela época. Sem dizer que muitos documentos desapareceram durante o terremoto de Lisboa de 1755. Porém, a senhora poderá encontrar dados interessantes sobre Zarco e seus filhos nas obras de Gaspar Frutuoso (“Saudades da Terra”); de José Freire Monterroio (ou Monterroyo) Mascarenhas e no “Elucidário Madeirense” do padre Padre Fernando Augusto da Silva com Carlos Azevedo de Meneses.
Só para dar uma idéia da dificuldade, e sem considerar os eventuais bastardos, João Gonçalves Zarco os seguintes filhos legítimos com Constança Rodrigues:
1. João Gonçalves da Câmara que se casou com Dona Mécia de Noronha, filha de Dom João Henriques de Noronha, filho bastardo de Afonso, conde de Gijón e Noronha.
2. Rui Gonçalves da Câmara, terceiro capitão donatário da Ilha de São Miguel, que casou-se com Maria de Bettencourt, filha natural de Maciot de Bettencourt de Teguise. Aparentemente, o capitão donatário teve quatro filhos bastardos, um deles com Maria Rodrigues e três outros desconhecidos.
3. Garcia Rodrigues da Câmara que teve vários filhos legítimos com Violante de Freitas.
4. Beatriz Gonçalves da Câmara que se casou com Diogo Cabral.
5. Isabel Gonçalves da Câmara que se casou com Diogo Afonso de Aguiar, dito “o Velho”.
6. Helena Gonçalves da Câmara que se casou com Martim Mendes de Vasconcelos, filho de Martim Mendes de Vasconcelos e de Inês Martins de Alvarenga.
7. Catarina Gonçalves da Câmara que se casou com Garcia Homem de Sousa.
Você teria uma versão do livro em português? Me interesso como editor e descendente dos Zarco.
Cordialmente,
Tomaz Adour da Camara
Caro senhor,
Infelizmente, o romance não está traduzido, embora isso não seja um grande problema. Se o senhor estiver interessado, posso enviar-lhe o livro, basta me mandar o endereço. Para isso, utilise arkan.simaan@gmail.com assim o seu endereço não será divulgado na net.
Sou descendente direto de Patrício José Correa da Camara, filho de Gaspar José Corrêa da Câmara, filho de Pedro da Ponte Raposo Bicudo Corrêa, * c1686. Ele cas. Maria da Câmara Medeiros, cas. c1711 em Ilha de S Miguel, Açores, Portugal.
Gaspar José Corrêa da Câmara, * em Ponta Delgada, Ilha de S Miguel. Ele cas. Isabel Ignácia de Bittencourt, * em Lisboa, Portugal. No DFB (776) não foi possível identificar o nome, pois consta apenas o seu pai e seu filho. Na "Genealogia da Ilha Terceira" (III, 462), o pai seria Manoel Raposo Bicudo Correia. Filhos:
Patrício José Correa da Câmara * 12-10-1744.
O João Gonçalves Zarco é o mais antigo ancestral Sei que o Camara vem dele. Não sei ainda a ligação dos pais do Gaspar com ele.
Gostaria de ter acesso ao seu livro L'écuyer d'Henri le Navigateur" Há algum ponto de venda aqui no Brasil?
Meu e-mail é riverostar@gmail.com
Sou Abel Lima Rivero. Patríco e meu hexa avô e o Gaspar o hepta.
Gaspar era desembargador na Ilha da Madeira e chamado a Potugal, retornou com a mulher grávida que deu à luz a Patrício a bordo da nau na chegada a Lisboa. Patrício fez carreira militar e veio para o Brasil onde tornou-se o 1ºVisconde e único Barão de Pelotas. Um dos seus netos, Antonio José foi o 2º Visconde de Pelotas, era o Marechal de Exército conhecido como Marechal Camara e foi atuante na Guerra do Paraguai,comandando a tropa que caçou e deu fim ao ditador Lopes. Minha curiosidade é pelo caminho que me leva ao Zargo. O Patrício casou-se com Joaquina Leocádia da Fontoura.
Aguardo suas informaçõs.
Muito obrigado!
Abel
Prezado senhor
Muito obrigado pela sua mensagem. Não sei quem vende o meu o livro no Brasil. Pesquisando rapidamente na internet, descobri que ele se encontra em várias livrarias europeias. O próprio editor, Harmattan, o propõe no site abaixo: http://www.harmattan.fr/index.asp?navig=catalogue&obj=result&ntable=0&andor=OR&artiste=simaan&motExact=0&orderby=titre&ordermode=ASC
O senhor também pode encontrar uma parte dele gratuitamente no Google books:
http://books.google.fr/books?id=VLqjJ6wmkYcC&printsec=frontcover&hl=fr#v=onepage&q&f=false
Por outro lado, planejo ir brevemente para São Paulo e Brasília. Se tudo der certo, vai ser antes de outubro, mas não há nada garantido. Se for o caso, lhe oferecerei o livro com prazer. Espero que o senhor conheça o francês porque até hoje não encontrei editor no Brasil. É verdade que o meu editor francês, Harmattan, não se preocupa muito em procurar e eu ainda não tive tempo para isso.
Atenciosamente
Arkan Simaan
Caro Arkan,
Tenciono fazer uma viagem à Ilha da Madeira este ano e, tendo ficado curioso por ler o seu livro desde que soube da sua existência, achei que era boa ideia levá-lo.
Infelizmente, os meus conhecimentos parcos de Francês não me permitem ler um livro e retirar grande coisa. Porém, depois de ler os comentários, apercebi-me de que talvez houvesse possibilidade de obter uma versão portuguesa. Estou certo?
Infelizmente ainda não há versão em português. Comecei a tradução, mas tive que parar por falta de tempo, mas se eu achar editor será fácil recomeçar tudo. Enfim, gostaria de agradecer-lhe pelo interesse que o senhor mostrou para com esse livro.
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